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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O MOTOQUEIRO



É dia de te ver. Resolvi ser casual. Não entendo a mania que os homens tem de querer mulheres com unhas pintadas a “Renda”, rasteirinha delicadas nos pés pintados a “Renda”, vestidinhos floridos, cabelos comportados, sorrisinho estampado: “não sou mais virgem mas posso fingir”.
Sim, foi assim que me fantasiei. Tava afim. A fim de fazer o típico papel – hoje posso te agradar. Sem dizer que animo para grandes produções não era o lema do meu dia. Tava afim de não estar afim, por puro desprazer mesmo. Não era falta de inspiração, era um querer não ser notada.
Me sentia tão leve naquele vestidinho florido estilo saída de praia, lembrando um momento “woodstock” que não vivi.
Tão romântico seria senão houvesse dito tudo que fiz pra chegar até esse ponto. A loucura do dia foi não ter que esperar muito pra que ele me buscasse.
Nossa, deve ser sorte que veio junto com o modelito “new age” virgem que incorporei.
Fui para a porta da rua. Passava caminhonete preta, roxa, azul cor céu, marrom burro fugido, mas na mensagem dizia que ele já estava a caminho. Eu só não esperava por aquela buzina baixinha do outro lado da avenida.
Só podia ser pra mim. A miopia às sete e meia da noite de um horário de verão, parece algo como cegueira parcial. Espremi meus olhos e pude ver um capacete balançar em minha direção. Era vermelho com preto... Era um capacete mesmo! Em cima de uma gigantesca moto e por trás de um capacete preto, havia ele fantasiado de motoqueiro fantasma. Aí que vontade sumir!
Por fração de segundo lembrei da imensidão do meu guarda roupa, de como eu poderia ter me fantasiado de motoqueira feliz e desencanada, com jaqueta de couro e bota de cano alto. Como não pensei na hipótese de ficar mais sensual, mais selvagem, afinal “Born to be Wild” toca no meu MP3.
Não, ali estava eu vestida de virgem. Era muita irônia para meu pouco sarcasmo.
Admiti. Uma admissão física. Sorri e caminhei até ele. Quando peguei o capacete já estava sorrindo sem graça, forçando meus 28 músculos do rosto e eles pesavam quilos! Ele estava tão animado com a surpresa que havia me feito. Cedi! Subi na moto, me agarrei a minha enorme bolsa rosa flúor, à seu tórax forte com uma outra mão, à garupa com a outra...eu criei tanta mão, que me sentia a própria “Shiva”. Realmente eu estava casta, como uma evangélica saindo de moto do culto. Pensei até em me sentar de ladinho.
De duas uma. Ou ele me ama ou até hoje esta rindo de mim. Tão autêntica tão perua, tão madura... Tão ridícula no meu jogo de sedução.
Foi um belo passeio de moto. Mostrou quem esta no comando tanto da moto quanto do relacionamento: O motoqueiro, claro!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

APOLO ADORÁVEL


Eu te procuro Apolo
Onde andaras teus passos?
No emaranhado dos meus cabelos vermelhos
Eu ainda sinto o teu cheiro.
Ó Apolo que belos traços
Trazes contigo sempre uma boa recordação
Como homem de poucas palavras
Entregas-me devagar tua paixão.
Porque foges de mim Apolo?
Se eu não posso ser tua não serei de mais ninguém...
Nos campos floridos do meu coração
Cultivo as tuas ações.
Onde andas Apolo?
Que ainda não veio habitar meu mundo.
Nas curvas sinuosas do meu corpo
Muitas vezes tu perdeste o rumo.
Volte logo Apolo,
Trazendo-me sorrisos em tuas mãos e
Tu vens rasgando o meu peito de emoção.
Escute-me Apolo,
Faça de minha voz uma canção
Eu estou guardando um maço de esperanças em tua audição.
Um anjo, Apolo
Anunciou-me a felicidade
Veio alado da mais doce paz
Único e encantado, o meu anjo Apolo.
Em meus frenéticos pensamentos
Escuto a todo o momento seu nome,
Apolo onde esta você agora?
Além de aqui, nas minhas memórias...

APROVEITE O SILÊNCIO

Quando me lembro de como é tocante seu sorriso, de como sua presença simplesmente me acalma, de como suas mãos resumem o pouco que sei do que é carinho, eu desejo deixar um legado pra você, algo como fazer uma canção e dizer: _ Pode contar pra todo mundo que essa é a sua canção!

E assim quem saiba te orgulhar com meu amor. Esse meu sentimento tão falado, tão repetitivo, porém poucas vezes verdadeiramente demonstrado.
E só eu sei quanto amor eu guardei, esperando o momento certo para te dar. Egoísmo meu querer te dar o que ninguém ainda te deu. Quem sabe um amor azul, uma casa de paredes azuis cor céu.
Não, não devo aguardar essa hora chegar, essa luz acender, esse estalo soar... O amor já mora aqui e isso basta!
Vou distribuí-lo para o mundo, vou fazer corações vazios se encherem de esperança ao me verem tão reluzente, tão animada e disposta. Vou desenhar arco-íris em cartolinas, vou fazer com que todos possam sentir a força desse sentimento. Vou fazê-lo útil.
Não é que você não mais o mereça receber, talvez sua música apenas não esteja tocando em mesma sintonia que a minha. Quem sabe, quando você perceber terei feito muitas casas azuis céu, abrigado muitos sentimentos sem teto, cultivado jardins afora... Assim seus olhos possam se abrir pra luz desse amor, vendo valer todo esse calor.
Minha lei é o construir. Me envolvo e me divirto com isso. Me embrulho em devaneios e coloco em prática cada bom pensamento surgido.
A sua canção de amor eu componho todos os dias... Em silêncio!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

UTI EMOCIONAL

Tenho pensado. Mais que tudo pensado mesmo. Daquele jeito que fazemos quando praticamente agimos em pensamento.
Começo a ver os fatos se repetindo em minha vida e percebo que talvez esteja fadada a morosidade sentimental.
Acabo de fazer um teste daquele tipo “quiz” de internet. Aqui diz que vou morrer em 8 de janeiro de 2025, e que o motivo da morte é “amor perdido”. Vou me sentir solitária e então vou querer me matar de tanta dor.
Morrer com 42 anos, definitivamente não estava em meus planos! Logo agora que estava pensando em dar um up em minha vida, remodelar o corpo e colocar as feridas em seu devido lugar, buscar meus sonhos. Não sei se essa notícia me deu fôlego ou me desanimou.
Melhor não me ater a esses pequenos detalhes.
E pensando no que realmente interessa o presente, escrevo mesmo para te avisar que algo esta morrendo mesmo: nosso amor esta na UTI.
Morte lenta e silenciosa. Conheço o cheiro que ela tem, por isso afirmo com tanta convicção.
Os órgãos vitais desse amor já se encontram doentes. O coração não quer mais dar pulinhos de alegria quando te vejo. O cérebro não mais quer buscar soluções inteligentes para os nossos problemas... já os ferormônios estão sentados, entediados, em busca de alguma reação súbita de ocitocina.
Aquela sensação de medo, de perda, de ciúmes, agora estão aprisionados pela razão, não mais se manifestam como proteção. A boca perdeu a salivação, cansa em poucos beijos e se cala por não mais ser necessária em meio a tantos debates... achou-se repetitiva.
Não há motivos para grandes sensações. As borboletas do meu estômago deixaram de bater asas, parece uma estranha aberração da ciência, voltaram ao que eram: casulos... Nos vamos morrer!
Bem que eu tenho ensaiado um alerta, um aviso, um outdoor em neon. Tenho clamado pra que venha comigo, mas tem sempre você querendo o impossível, deixando esse amor com overdose, aplicando o inimigo tempo a todo sintoma de infecção. Crendo em um tempo infinito do qual eu não tenho forças pra suportar.
Na morte busca-se a culpa. A culpa do fracassado, o relapso do covarde, a ira do injusto... mas não vou cair nessa teia. Não deixarei que o fim seja como foi o meio. Alguma hora nessa historia eu sentirei a glória, que seja aqui! Aqui nesse fim.
Pensando bem morrerei ainda muitas vezes ate chegar 2025.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

REPENTE


E vai entrando como quem sabe o quer,
Vem chegando e sabe quem é.
E vai me olhando sem pudor
Me despindo com ardor...
Sem me contar de seus porquês
Sapateando e rodopiando
Vai me sugando e deixando
A saudade no corpo bailando.
Daquela que fui, vou sendo aquela que nem sei mais...
E me olho no espelho:
- Há mais alguém!
Há o teu corpo sem saídas
Me chamando pra entrar
Na tua dança de menino
Louco pra me amar.
E me arranca a mascara
Me bagunça os pêlos,
Não me dá brechas para sonhar
Já es meu sonho por inteiro.
E devagar vou sentindo
A terra toda rodar.
Devagar vou sentindo
O amor me tomar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

CASTELO FLORIDO


Era meu aquele castelo.
A cor dos girassóis reluzida nas paredes,
Portões largos e seguros
Guardavam meus grandes orgulhos.

O tempo passou com graça
Naquelas translúcidas vidraças espelhei meu mundo,
Daquelas grandes portas,
Abriu-se o meu futuro...

Olhando o presente, muitas vezes sorrindo engoli o choro.
Desculpe-me, meus amados,
A vida trás em seus ventos certos abalos.

Sempre me encanto com o irreal,
E tudo de fascinante habitava naquele castelo.
Sonhos erguidos em madeira e folhagem,
Sorrisos comprimidos em serragem.

Um dia tomaram-me aquela visão,
Fui morar em outros campos
Longe da fúria da ambição
Rindo apenas razão.

O cavalheiro e o seu mar azul
Mudaram-se das paredes de girassóis,
Precisavam conquistar outro lugar,
Outros tronos foram reinar.

E assim fiquei a observar,
Incrédula com a força do amor,
Com a veracidade do tempo,
Com o necessário passaporte de partida.

Olhos cor jambo e olhos cor mar
Concluíram os seus papeis
Deixaram-me um legado único e sensato,
Meus amores fiéis.

Por mais que eu não tenha tanto me esforçado,
Meus amados, sempre me presentearam
Lagrimas nunca rolaram
Aquelas doces almas me alegravam.

O que pode haver de mais valioso do que um sorriso?
Gargalhadas e risos,
Foi o que mais souberam fazer.
Amar e sorrir... Um castelo florido ergueram dentro de mim.
Eu e vocês...enfim!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

NUNCA O SUFICIENTE


Já havia falado por demais
Ou, talvez, não havia dito o suficiente...
Nunca sabia de que lado chegar primeiro.
Nunca o sentirá inconstante.
Também nunca aspirou se amante.

No momento anterior
Enamorar-se foi preciso.
Não era apenas mais um homem perdido,
Era homem envolto a mistério
Sagaz na carne e no espírito.
De um cintilante brilho no olhar,
De uma forma particular de se entregar.

Devia palavras,
E palavras seu coração já dizia:
_ “Palavras, espelhos d’alma...”
E o homem de barba cerrada
Tocava-lhe o pescoço sem vida.
Piegas, assim ele a sentia.

Já havia falado demais
Ou não havia dito o suficiente...
Assacou-lhe a sentimentalidade,
Encheu-lhe pavorosamente, com a realidade.

Não há amor, não há ódio.
Não há nada que um bom amante
Não disfarce com assaz ironia.
Beijou-lhe a boca: blasfemo do amor!
Arrancou-lhe a vestimenta: Apolo sem pudor!