quarta-feira, 17 de março de 2010
Fight.
Com ar e coragem inflados no peito mantive o pensamento firme na questão. É isso mesmo, quero um murro! Daqueles dados sem palavras grossas de amor ao avesso, aquele do tipo seco e sem motivo pessoal, desferido apenas para machucar e abrir uma fixa cadastral no próximo posto médico. Descobri-me doente, estou com o letal tumor do TÉDIO;
“Classificação morfossintática: - (tédio) substantivo masc. Singular. Repugnância; aborrecimento; desconsolo; quando não se deseja estar sem fazer nada.”
Um murro seria um remédio para doer onde não se sente mais, para vibrar minhas cordas vocais, para repuxar os músculos do meu rosto ou quem sabe arrepiar os cabelos dos meus braços. Um murro na boca para acordar a gana, o faniquito, o desespero, a raiva. Toda essa gama de sentimentos que fazem com que corramos sem saber pra onde, para simplesmente saber que estamos vivos e salvos do nada, do breu. Um pouco de sangue, meu próprio corpo sentindo seu gosto, uma fome de mim mesma pra finalizar o drama, fechar a porta do labirinto escuro.
Quando se sabe doente se enxerga a ironia, todas as placas de sinalização na rua escrevem em símbolos a palavra tédio, toda revista tem estampada a foto de alguém com cara de cu, a guarda de transito boceja na faixa branca, o pedreiro cochila no andaime, tudo se torna tedioso.
Twittar poderia me salvar por alguns minutos – “What´s Happening”, aliás, é muito estimulante para quem sofre de “tediosidade aguda”. E no primeiro post: - “O tédio lhe chama a atenção para o fato de que você estagnou, parou de crescer e de ouvir”. E começa a luta: Tédio, por finalização. Luanda, por nocaute. Tédio, por pontos. Um murro na boca do estomago. Luanda vai à lona!
Um murro terrível. Impossível de perdoar, impossível de ser amor, impossível de continuar. Então agora vou dormir ao seu lado sem me preocupar com o fato de você ser meu, posso também desligar a TV, o celular, posso programar a próxima derrota, pois já levei o murro.
A dor abriu meus olhos, me curou do abismo do nada, das perguntas sem respostas, dos caminhos sem ida, da dúvida inerte, do tédio da impotência.
Eu tenho o que fazer com o que me entreter, vou curar a dor do murro.
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