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quinta-feira, 4 de março de 2010



Dia de chuva. Me sinto com os cabelos arrepiados....coisa antinatural depois de uma sessão no cabeleireiro tentando fazer com que meus fios castanhos ficassem mais vistosos. Me enrolei toda em uma Pashimina cor de “burro fugido” para fugir de milhares de pingos entre meu carro e sua casa. Ai, como é desaforado!
Não rubra nunca ao me receber na soleira da porta como veio ao mundo. Até gosta. Tem um prazer mórbido em ver minha cara de pré-adolescente. Já sobi e desci aquele território tantas vezes e sempre parece a primeira vez. Você é tão vencedor, sabe a arte de provocar. O vento vinha recheado de água, aquela fria e bem direcionada para os meus fios de cabelo mais rebeldes. Vi uma vez na TV que correr em baixo da chuva molha mais do que andar sob ela. Sempre faço o percurso do meu carro pra sua casa me lembrando dessa regra e a quebro. Corro, corro numa ansiedade fulminante como se tudo fosse fugir se eu não corresse, como se você não fosse atender a porta por causa de um passo mais lento. Da garagem já abro a porta e o alivio vem quando a encontro destrancada, ontem não. Ontem chovia vento e foram longos 30 segundos de espera.
Vejo que sou tão fraca diante dos pingos gelados como sou diante do seu sorriso atrasado. A sua autoconfiança impermeável, aquela cordinha da alegria a qual você agarra porque tem medo do que se passa abaixo de seus pés. Eu já me acostumei com as poças... poças de lágrimas, de risos, de anúncios para grandes abismos. Vendo na soleira o corpo seminu me fez sentindo, você esta certo em exibir ao mundo tantos dentes e tão brancos. Como a mão que para o tempo eu senti um solavancar em minhas cadeiras e só me dei conta que os pingos haviam cessado quando, envolta em seus braços você já tinha me contagiado com loucura. Eu não sou louca, eu só não tenho pele para me proteger e quando você toca em mim eu sinto seus dedos e olhos e salivas deslizando por todos os meus órgãos. E você não pode entender o medo que isso me dá. Nem doar sangue posso porque não tenho peso e afinal fica eu aqui, com medo das horas, dos sons dos telefones, dos pingos na escova do meu cabelo. Me furto ás preocupações, surto com a alegria que futuramente possa sentir. É hora de ir encarar a chuva. Busco um guarda-chuva para amenizar a cara de pintinho molhado saindo do lixo da fazenda vizinha, e você me vem com mais essa: que você até tinha um, mas que eu já havia feito esse pedido e quando voltei com seu guarda-chuva ele estava quebrado. Devolvi estragado. Me falta fino trato. É pra acabá!

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